terça-feira, 20 de janeiro de 2015

QE’s e QI’s


Vamos partir do princípio que falamos de pessoas enteligentes.

(No outro dia, num almoço com uma amiga, ela fez referência a alguém com um potencial QI elevado e a um outro alguém com um potencial QE elevado.
Dado o contexto, percebi logo que se referia ao comum QI – quociente de inteligência, o “medido” - e, em contraposição (ou em justaposição), o QE – quociente de emocional. Sendo ambos “inteligências” (no meu entender), resolvi, no presente texto, baptizá-los de inteligência e de entiligência, sendo certo que haverá no mundo ainda bastantes einteligentes ou ienteligentes, mas que omitirei, para não complicar o que já vai bem complicado, mesmo que em tão poucas linhas.)

Deambulei-me, pelo meu novo caderninho, também vermelho, embora mais caracterizado, já que tem patente na capa um desenho de Mao (o que faz, aliás, todo o sentido, tendo em conta que me foi oferecido por quem esteve pelos Orientes), por uma reflexão que não quero deixar de sacal verter e que é, a propósito do QE:

“o qual, a bom ver e nos dias que correm nestes anos de 2015 e adjacentes, é um quociente que tem vindo a tender para zero – quando não se busca, porque estou certa que, buscando, não tarda ele nos começa caindo em cima que nem chuva de Sábado à noite em pleno logradouro da Casa Independente, mas tal exige tempo e disponibilidade -, apesar de o “outro”, o “I”, andar por aí de forma que percepciono, cada vez mais, como errática, porque, destacado do “E”, a meu ver, pouco vale.”

Regressando.
Portanto, estamos falando de pessoas entiligentes.
Do lado que dá e do lado que recebe.

Ora, então, por que raio há tanta dificuldade em entender que “uma mentira ou uma omissão só para não te magoar” é algo que evita uma mágoa, está certo; mas, muito diferente do que mói aquela “omissão que tu não referiste, só para não me magoar, mas com a qual entretive meus pensamentos nas entrelinhas, durante um tempo que não sei determinar porque o senti como eterno e de uma forma que desenharia como: borrão, indefinida, infinita.”

Se entiligentes me perguntarem, responderei:

“Prefiro magoar-me num instante que até perdure, mas finito, do que moer-me numa eternidade, mesmo que, também ela, finita. Os meus pais não criaram farinha, sabes?”

Bom dia, lëoN!


Em jeito de início de ano, e depois de mortos matados os sacais que estavam para aqui atravessados (aos distraídos, recomendo a visualização da série Dloing!) queria só informar que ainda não desfizemos a árvore de Natal, mas que já decidimos que durante todos aqueles tenebrosos e horripilantes dias e meses do ano que antecedem a transcendental época natalícia, Natálio vai ter um companheiro em modo permanente, para ver se não volta a ter ímpetos de precipitação.

 



 

lëoN e Natálio.

Porque a solidão é uma merda. E nós já nos afeiçoámos, ao ponto de realmente gostar da “coisa”, ao Natálio.

- Bom dia Natálio! Bom dia lëoN!

 

PS – a pedido de algumas vozes, resolvemos também mudar o tipo de letra. Porque: ano novo, escrita nova.
 

quinta-feira, 1 de janeiro de 2015

Série Dloing


Meus queridos leitores sacais.
Está quase quase na 12ª badalada do dia 31 de dezembro de 2014.
A série "Dloing", que se segue, é decorrente de Contus interruptus. Que se explicam mais abaixo na mensagem com este mesmo título e que pode servir para se tentarem aproximar da verdade em Dloing.
E, assim, que venha 2015.
 
DLOING!!!
 

Dloing – Hoje? É Natal, claro


Conheci o Mateus num jogo de sueca.

Tinha interrompido por instantes a conversa com o Américo. O Américo desejava discutir todos os temas do Mundo em apenas uma conversa e atropelava Cosmos, Física, Matemática em série, Geometria, Natureza, simetria, Química, livros, prémios Nobel, más traduções, boas publicações, poesia, poesia de Amor, camões (nesse repente, não se lembrava de um dos seus sonetos preferidos, mas desfiou 3, ali, em pé, junto à estante dos livros), poesia de amor castelhana, fotocópias, “por que razão se há-de ter uma grande biblioteca se não tivermos nela livros por ler?”, separação, a rádio (de repente, não se lembra do fio condutos da conversa, pára um pouco, olha para dentro e encontra-o), música, debates (agora não tem televisão, mas quando tinha gostava muito do prós e contras), uma entrevista a Luis Sepúlveda, os números da crise (de repente lembrava-se de todos os fios e das inexactidões dos números, dos ditos, dos da boca para fora), o socialismo, as mentiras, História, histórias do Mundo, divergências. Tudo numa só conversa, rápida, entre um acocorar-se à procura de um livro e uma ida à casa de banho.

Puxaram-me por um braço:

- a menina joga?

À minha esquerda, o Luma: barba crescida, óculos de massa e olhos atentos a todas as mãos.

- Não devia ter feito isto, pois não? – pergunta-me logo após lançar o Ás de Espadas quando na jogada anterior havia trunfado a manilha do mesmo naipe.

- Pois não – respondi com um sorriso.

Luis à minha direita.

- E tu? És de onde?

Barba feita, pele clara, contrastando, puxador de conversa, só se apercebeu da denúncia do parceiro, quando já recolhia a 2ª mão.

Mateus estava á minha frente. Camisola velha e escura de lã, barba cortada, poucos, mas alguns, dentes:

- Não te preocupes, Rita. Jogas comigo: está tudo ganho.

3-1 para os outros. Mãos abertas sobre a mesa, fecha os olhos, inclina a cabeça quase roçando a mesa, respira fundo e:

- então aqui vai…

Incorre em texto falado, chorado, entaramelado, sentido, levantando a cabeça para verificar se estão todos s olhá-lo, semicerrando, de novo, os olhos, esfregando mãos e culminando com som forte, grave e queda brusca das mãos, de novo, sobre a mesa.

- Ah, poeta! Com essa vais ganhar de certeza.

O Luis foi-se embora e substituiu-o o Zé (que não era Zé, mas sem nome não pode ficar e este serve-lhe muito bem). Tem olhar de malandro, tem gingar de malandro, lança piropos a todas, beija-me a mão antes de se sentar. À frente, não tem, sequer, poucos dentes. Cocheia.

O Américo passa pela mesa, toca-me ao de leve e pergunta-me a que horas me vou embora porque não se quer ir embora sem se despedir.

Eu e o Mateus começamos a ganhar e o Luma levanta-se e diz:

- Já venho.

Já voltamos todos, mas não agora, nem daqui a pouco. O Mateus oferece-me um chupa-chups de limão

Vamos fumando um cigarro, trocando palavras nos corredores – lá fora começa a cair um frio de rachar, mas não se interrompem as conversas que se têm com os sem-frio.

O Zé tem 58 anos, um filho com 22 – daquela cabra que se pôs a ouvir as putas que estavam no café, ainda devem estar no café, que se diziam suas amigas – e um de 9, de uma rapariga, e que nasceu com paralisia cerebral.

- Oh tu! – dirige-se a uma rapariga que passa – Eu amo-te, sabias?

Mostra-me, com orgulho, o cartão da consulta dessa manhã.

- Foi a primeira. Fui lá antes de vir para aqui. Mas agora é só álcool. Já não preciso das outras.

Apertam as bexigas e entramos para o quente. O Zé demora eternidades até entrar na casa de banho, porque há muitas mulheres bonitas nos corredores. In extremis. Sai da casa de banho e segue em frente para jantar.

Passo nos computadores, passo junto à televisão e regresso à mesa da sueca, onde reencontro o Mateus, falando com uma rapariga de camisola branca e frente a um preto muito preto e muito alto e muito calado, com uma túnica branco sujo, muito comprida, até aos pés.

O Mateus termina a conversa, saca de um livro, coloca a voz de poeta e começa a ler para a mesa. Vai levantando os olhos, atento. Preparamo-nos para iniciar novo jogo, como Augusto, que não fala e estica os dedos, também muito grandes, como o corpo todo, e com unhas muito grandes e, muito lentamente, afasta a mão do Mateus de sobre o seu jogo. Sou substituída por alguém e resolvo voltar lá fora onde encontro a Maria que veio mesmo depois de ter estado horas no Hospital de Santa Maria. Estica o braço, mostra.

- levei 7 pontos, estive lá horas, mas não podia deixar de vir, porque aqui encontram-se sempre pessoas muito simpáticas, ao contrário das minhas filhas, que são umas cabras, más, que não me visitam nunca.

Ouvem-se vidas, enganos, burlas; ouve-se sobre Cristo e os apóstolos e Judas e Barrabás e histórias de sete anos e mares que se afastam e egípcios e judeus

- eu adoro a missa do galo.

Recebo dois beijos e desejos de jesus na minha vida enquanto anoitece.

Vai haver uma sessão de apresentação de um escritor qualquer e volto a encontrar-me com o Mateus. Sentamo-nos todos nos sofás, em roda, e ouvimos o senhor apresentar os seus livros, que são também outros objectos, como um espelho, um quadro, um relógio… Para terminar, o autor, que já ouvira dizer que o Mateus era o Poeta, apresenta-lhe uma folha A4 com um texto impresso, excerto do seu último livro apresentado e desafia-o a ler para a plateia, enquanto o acompanha à viola.

Vejo os olhos do Mateus assustados, por um instante. Dou-lhe o meu olhar:

- Quer que o ajude, Mateus?

Treme-se-lhe a voz, que não é a do poeta, e anui. Aproximo-me dele e ele desculpa-se baixinho:

- Não tenho os meus óculos, Rita.

- Não faz mal.

Ficamos os dois de pé, eu atrás, ele segura a folha, ouvem-se os primeiros acordes e, baixinho, vou-lhe ditando para que declame, o texto. Que nem recordo bem sobre que era, que tem palavras complicadas, com muitas sílabas, orações longas demais e que, penso, não presta para nada, mas mantenho a solenidade do momento.

Palmas a eles.

 
Num instante, são 21:30 e apercebo-me que me esquecera de jantar. Resolvo passar o jantar, despeço-me da Inês e dirijo-me ao bengaleiro. Fumo mais um cigarro, como um palmier que tinha na mochila e começo à procura.
 

Encontrei o Américo numa mesa a falar com um rapaz. Ele levanta-se, pede-me desculpa pelas divergências políticas, pergunta-me se não é a Lágrima de Preta, do António Gedeão, também cantada pelo Manuel Freire, manda-lhe cumprimentos, faz uma pausa e refere que, entretanto, se lembrara do outro. E declama o seu último soneto de Camões da noite.
 

Encontrei o Zé em pé, encostado a uma parede, ao lado de uma rapariga; tem um ar cansado, alguns sacos numa mão. Sorri-me, pergunta-me se regresso no Domingo e despede-se com novo beijo na minha mão, escancara a boca desdentada num riso aberto e diz-me “eu amo-te, sabes?”

- O Zé é mesmo um engatatão! Até à próxima.

 
Encontrei o Mateus sentado frente a uma rapariga, com um livro aberto, usando a voz de poeta, os olhos em lágrimas, meneando a cabeça da emoção. Interrompeu quando me aproximei. Apertou-me a mão, mudou de voz e despediu-se. Ainda não encontrara os óculos.

 
E, assim, é Natal.

Dloing…
 

Dloing...


Apercebemo-nos que a nossa vida é estúpida quando nos despedimos deles e os desejamos de volta logo no minuto a seguir.

Por mais que custe admitir e que não seja politicamente correcto afirmar, quando isto acontece é o sinal mais que evidente de que a vida que estamos a levar é estupidamente estúpida.
E o que é que se faz com uma vida que é estupidamente estúpida? Metemo-la num explicador?

Dloing – chegar a casa


(bom… neste aqui até parece que estava a continuar a escrever uma das badaladas anteriores… em tópicos… vamos ver se se transfigura, mas aviso já, meus caros leitores sacais, que o gajo não me está a atrair muito. Vai dar em rapidinha, de certeza)
 

Desafiar alguém para jantar, mas sair tarde demais do trabalho e ter de cancelar.

Subir a pascoal de Melo e verificar que os lugares estão todos ocupados por ramos de árvores que resolveram cortar esta manhã (e que, eu bem me lembro, hoje, à 5ª badalada de 31 de dezembro, originou um caos de trânsito logo de manhã e me fez chegar atrasada).

Aperceber-me, do rádio, que é noite de Champions o que faz com que seja normalmente ainda mais difícil estacionar por causa de todos os restaurantes e tascas que têm a bodega da Sport TV.

Encontrar um lugar bem apertadinho e com o carro da frente afastado do passeio, fazer mil manobras para o conseguir enfiar na betesga, sair, olhar para uma janela do outro lado da rua e ver uma senhora com ar crítico, mas calada, a olhar:

- é proibido?

Silêncio da boca e um ligeiro movimento com a cabeça em direcção à parede em frente. Olhar com mais atenção para a “parede” frente ao meu carro e descortinar sob um graffiti o fatídico sinal de proibição na dita que, afinal, até era um portão.

Voltar a fazer mil manobras para tirar o carro, dar mais não sei quantas voltas e finalmente arranjar lugar.

Sair, abrir a mala e tirar PC e compras (bem pesadas) que não tinha arranjado melhor dia para fazer. Deixar uns pacotes de leite na mala, após constatar não aguentar mesmo.

Chegar a casa, despir-me e constatar que me tinha vindo o período.

Vestir o pijama, entrar na cozinha, que cheira mal porque o lixo há dias que não sai de lá, ter de lavar um copo porque estão todos sujos, tirar do frigorífico restos distintos que misturo e aqueço.

Levar para a sala, sentar-me para comer e ouvir o telemóvel tocar. Ter de atender e demorar.

Começar a comer e já estar tudo frio, mas a preguiça é muita e engole-se mesmo assim.

Constatar que ao menos a luz não vai abaixo depois de ligar o aquecedor.

Dloing - ?


(este vai ser difícil transformar, porque não me lembro mesmo em que estivesse a pensar nesse dia 19 de novembro, mas, ao lê-lo, pensei que não o colocar aqui seria como traí-lo e já bem basta ser um interruptus, não precisa que lhe seja infiel – vocês, meus sacais leitores, não vão é perceber o que resulta do registo no caderninho desse dia e o que resulta desta 4ª badalada da meia noite do dia 31 de Dezembro de 2014… Ou será que vão?...)
 
Gostava de um dia transformam-me em… balão de fogo que sobe sobre o Tejo a ver Lisboa numa qualquer noite de 31 de dezembro, ouvindo

10, 9, 8, 7, 6, 5, 4, 3, 2, 1

gritado pela multidão multitudo do alto do miradouro de santa catarina, rebentar ao som do Feliz Ano Novo!, jorrar como espumante em bruto sobre esta cidade, lembrar sempre e partir.
 

Dloing - Há dias de sorte


Sair de casa apressados, como se lhe impõe a qualquer dia de semana sim; não encontramos chapéus de chuva para todos e chove a potes.

- Bolas!

- Que é que foi, mamã?

- Esqueci-me do computador em casa. Fiquem aqui à minha espera, sim?

Rua acima, escada acima, escada abaixo.

- Mãe, porque é que não levaste o guarda-chuva?

- Bom… Porque às vezes a mãe é parva…

- Foi uma sorte, aperceberes-te que te faltava o computador mesmo à beira deste toldo. Assim pudemos ficar sequinhos!

- Pois foi. Há dias de sorte!
 

Parar o carro em cima da passadeira, na esquina, porque está trânsito e é mais rápido deixá-lo ali para não ter que descer a Alexandre Braga e subir a Pascoal de Melo, de novo em pára arranca.

- Diverte-te!

- Diverte-te também com os teus colegas, mamã!

Reentrar no carro, dar à chave e… nada.

Claro que já sabia que este dia ia chegar, desde aquela primeira vez – há meses atrás - em que o parvo começou a engasgar-se sempre que o tempo ficava mais húmido ou frio.

- Merda!

- O que é que foi, mamã?

- O carro não pega.

Que sorte, o R. viver ali mesmo naquela rua e ainda estar em casa para poder levar a Maria á escola de táxi. E que sorte haver uma oficina mesmo ali à beira que disse logo que podia tratar do assunto e substituir a bateria que:

- deste tipo são caras, minha senhora. Se não for recuperável… Mas está cheia de sorte, porque temos disto aqui e à hora de almoço já pode vir buscá-lo.

- vês, mãe; não precisavas de ter dito aquela palavra que quer dizer cocó há bocado!

 
Levantar dinheiro, correr para apanhar um táxi na Estefânia, ir directo para as Partidas, pagar, sair, deixar cair o cachecol no chão molhado e chegar mesmo a tempo para o início da reunião importante que ia ter às 10:00. Ter a sorte de apanhar boleia para o meu edifício logo após a reunião, não ter tempo para almoçar direito e muito menos para ir buscar o carro à oficina (que teve mesmo de substituir a dita), voltar a apanhar boleia para reunião da tarde e para ir ter com a S.

- que sorte ter sido hoje que os miúdos têm aikidô e não tenho de os ir buscar, pelo que te posso deixar na oficina a caminho de casa!
 

Chegar a 7 minutos da oficina fechar, pagar, sair e passar vários vermelhos que a aula de ballet da Maria já terminou há vários minutos e ela está à minha espera.

- Mãe! Já viste! Hoje que chegaste mais tarde, a aula também se atrasou!

- Que sorte, Maria! E vejo que encontraste o teu guarda-chuva! Ainda bem, que continua a chover a potes.

 
Chegar a casa, lufa lufa, chegar ao fundo da cozinha e ver água pelas paredes, pelo tecto, mesmo no cantinho do cigarro.

- Já viste, mãe? Pelo menos não está a chover em cima do estendal! Era uma chatice, não era?

 
Tentar entrar em contacto com o senhorio, ligar várias vezes sem sucesso, desistir e, por fim, enviar uma mensagem:

“Boa noite. Tenho urgência em falar consigo. Chove-me em casa. Por favor ligue-me de volta…”

Ter a sorte de o senhor, com 90 anos, não ouvir o telefone, mas reagir a mensagens.

 
Por o jantar na mesa: são febras, o que significa que o ketchup é permitido.

Ir servindo, reagir a uma exclamação da filha, à direita, não reparar em nada de estranho, ouvir

- pelo menos não foi no pijama…

e olhar de novo, com mais atenção, e ver uma mancha vermelha na sua testa, nos seus cabelos, em modo pasta de tomate espremido com açúcar…

 
Rirmo-nos os três. A bom rir!
Porque há dias de sorte.

Dloing - Sistema de saúde


Se descobrirmos que estamos doentes de doença que não mata, mas que mói, nos faz viver em falso, nos incapacita, nos persegue, mesmo quando a julgamos adormecida, morta, e que nos acompanhará até à morte, matando-nos em vida, podemos decidir dar uma cambalhota na vida e virá-la do avesso? Podemos?
E será comparticipado?

Contus interruptus


Não é que não tenha escrito ultimamente.

Mas ando padecendo de maleita de contus interruptus (eu bem sei que não são contos, são outra coisa qualquer que tento ver na minha cabeça como crónicas ou mensagens ou sacais, mas o trocadilho não teria saído tão bem de outra forma, se não, vejamos

cronicus interruptus

mensajus interruptus

nem me atrevo a brincar com o último…).

De facto, na cabeça nem era isso que estava, era mesmo a vida, que anda toda interrompida, nunca chega ao clímax, às vezes parece que engana e tenta, mas depois chega a um ponto em que parece que lhe falta qualquer coisa. O tesão, certamente.

Bom, de qualquer das maneiras, parece que ontem chutámos mais um ano para a história e estou certa que, algures por este mundo, há alguma crença ou superstição que diz que se deixarmos os contus interrompidos até à última badalada da noite de 31 de Dezembro, estes ficarão presos numa irrealidade virtual que nunca finda, perpetuando-se num acto sexual sem qualquer orgasmo. O que é uma merda, como toda a gente sabe.

Portanto, meus caros leitores sacais (como têm estado a seco, nem sei se já não morreram todos, entretanto), vou ter de vos pedir um favor que não me atreveria a pedir a qualquer outro tipo de leitor que é atrasar o relógio das vossas vidas, fixarem-se na 1ª badalada da meia noite de 31 de Dezembro de 2014 e deixarem-me ir até ali ver se transformo os interruptus dos últimos tempos em sacalizáveis, nem que para isso tenha de matar alguma personagem (que, neste caso, costumam ser só explorações), como aconteceu ao violinista da telenovela do “Tootsie” que tive a felicidade de rever há dias.

Não prometo o ponto G. Também, em dia de ressaca, o sexo não costuma ser lá grande coisa…