… com um misto de enorme admiração e, quase, inveja.
Quase no saindo de casa:
M: Posso levar um dos teus colares, hoje?Eu: Podes, Maria. Mas já sabes que alguns são frágeis. É melhor escolheres um destes – digo, mostrando o sítio dos de continhas coloridas e compridas.
E, no carro, depois de deixar o mano (rai’s partam, Rita,
quem diria… logo tu?...).
Eu: vejo que também trouxeste uma pulseira das tuas. Fica
bem com os colares que escolheste.M: Pois fica, mãe. Um deles tem contas redondas. Mas o outro - vê!, vê!, - tem estas contas com vários lados – estás a ver? – e são como as contas da minha pulseira, só que as da minha pulseira são cor-de-rosa e estas são vermelhas com uns pontinhos de dourado!
Eu: Vejo, vejo, Maria
e aproveito um sinal vermelho para palpar as que ela me pede para sentir, porque, no seu saber de menina-pequenina-de-sete-anos-de-idade, no sentir está mais do que no ver e no saber.
M: Fica até eu chegar até ao fundo do corredor, sim?
Eu: Claro, Maria. Vê lá, não te distraias.
Dias que correm com um misto de necessidade de pensar
rápido e lento – rápido em algumas decisões, por vezes com a consciência de controvérsias,
mesmo que perante aqueles para os quais não queremos ser controversos; lento em algumas
decisões, as que teimam em não nos largar a mente, quais lapas em rocha açoriana,
fomentadas pelas acções de formação comportamental, em que promovem a
necessidade de
nos apaixonarmosnos empenharmos
sabermos o nosso caminho
para que, simplesmente, encontremos a chamada “Felicidade no Trabalho”, o que, admito, é algo muito importante, tendo em conta o tempo que lhe despendemos.- E, isso, no mínimo.
“Dieta de emoções negativas.”
“Como?”, respondo eu?
E, entre trabalho e escola-dela, vou continuando:
“Como?”“Eu quero. Quero mesmo. Digam-me só como?”
Eu: Então a visita foi gira?
M: Foi.(nunca falam muito da escola e do que lhes acontece nesses entreténs).
Olhando pelo espelho:
Eu: “Então e os colares? Estás sem eles…”
Pausa moderada. Resposta perfeita. Com um misto de
admiração e, quase, inveja, ouço-lhe, num quase repente, olhando para mim fixo
pelo espelho visor que me permitia retrovisionar, mesmo que sendo ele o mesmo,
o re-flexo, a troca.
Olhos fixos nos meus, um pender ligeiro sobre o peito onde
brilhariam, como de manhã, nossos colares de contas esféricas, facetadas,
rosadas, avermelhadas, com pontinhos de dourado, duas voltas pelo pescoço para
não se tornarem tão longos e um perfeito e célere:
M:UM deles está perfeito, mãe!!
(Não pergunto pelo outro. Nem me lembro do outro.
Calada, até casa, penso: como te admiro, meu amor.
Como te admiro.)