Leio:
e·xor·cis·mo |z| substantivo
masculino
1. [Religião católica] Orações e cerimónias do prelado ou do sacerdote para ordenar ao demónio que deixe o possesso.
2. Preces para afugentar tempestades, insectos malignos, etc.
3. Esconjuro.
in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa
Ponto.
Porque há palavras e imagens que teimam em não sair da minha cabeça, penso
para comigo que, se as escrever, pode ser que afugente “insectos malignos” (à
falta de melhor definição, esta parece-me perfeita).
Há uns dias atrás, no carro (estou cada vez mais
convencida que o carro e a proximidade-distância que ele impõe a quem o ocupa,
é local bastante propício a conversas de vida, das complexas):
- Mãe. Eu não quero ficar de cama.
- …
- Eu não estou a falar de ficar NA cama porque
estou doente ou assim. Estou a falar de ficar DE cama.
- Percebi, Maria.
- E isso não significa que me importo de ficar
velhinha. Não. Só não quero nunca ficar DE cama todos os dias e precisar que me
levem à casa de banho.
- (garganta em seco) Está bem, Maria. Mas, sabes,
nós nunca sabemos quando isso vai acontecer…
- Velhinha, sim. De cama, não. Prefiro morrer
primeiro.
- Está bem, Maria. Eu compreendi.
Não está mesmo nada bem, Maria. Esse poder de racionalização crua que
obtiveste da observação e da percepção da grande diferença que existe entre o “ter
anos” e o “estar vivo”, poderia ser um motivo de satisfação, mas não é.
Porque presente, cheio de dor e porque, quando o expões, posso dizer “Está
bem.”, mas que nunca, nunca dependa de mim.
Penso:
Insectos malignos – Buuuuuu!!!!
"Mas eu não quero", digo, enquanto ouço falar de probabilidades.