domingo, 12 de março de 2017

Sobre impactos, choques e outros embates. Sobre marcas

Nunca sabemos quando acaso ou premeditação fazem nossa vida cruzar-se com a vida de outro alguém, o impacto que tal terá.
Há choques que são animais. Absolutamente irracionais, como já escrevi um, embora não em Sacal e sim em Contas. Quantidade de sentimento independente de simples massa e velocidade.
Outros, construídos. Em tempo maior ou menor, fazendo deles um continuado de efeitos, dos colaterais e dos que marcam sempre a direito.
Alguns, imaginados. O que faz com que pertençam à cabeça de onde nasceram. Dependentes.
De outros, só nos apercebemos da verdadeira magnitude do seu embate, quando se vão.
Impacto pode ser explosivo, instantâneo, feito BUUUMMM!, com sempre mais, pelo menos uma, do que zero casualties.
OK.
Ou pode ser erodido, lento,
sobe maré, desce maré,
sobe maré, desce maré,
arrasta-se, inerte,
rebola, inerte,
desfaz-se, inerte,
nunca inerte. Móvel, transformando-se. Demarcando-se e marcando.
A distracção pode ser remédio ou cancro. Mas, se de novo atentos, por ausência ou por choque, recordamos, lembramos, porque marcados.
Por impactos, choques ou embates de uma vida que se cruzou com a nossa. Num ou mais marcados tempos.

Luz da presença


A partir do momento em que assumimos (por nos obrigarmos a olhar) que estamos perante factos mais que comprovados diariamente (como por exemplo quando já não conseguimos deixar de a acender, independentemente da semana), deveríamos deixar de agir indefinidamente e tornarmo-nos mais definitivos. Como exemplo (e na sequência de parêntesis anterior), devíamos deixar de chamar aquela luz que colocamos no (ou junto ao) quarto das crianças de luz de presença e passar a ser a luz da presença.
Apesar de ser um exercício racional, não significa que seja fácil mudar assim uma designação de tantos anos, mesmo que estejamos falando apenas de uma luz.

E, assim, se comprova a importância das palavras e de como pode ser diferente (ou difícil) designar definidamente algo que até hoje tinha sempre sido indefinido.