sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

Porque hoje é determinada sexta-feira


Engraçado o que uma semana consegue fazer por nós.
 
Precipitamo-nos sobre ela imediatamente após um "muito mais triste que muito triste" atirado para um qualquer (muito específico) lado; passamo-la em esforço de sete-dias-barreiras, tentamos conciliar dias e noites de trabalho com o ser ("estar" não é verbo suficiente), também, Eles.
 
Eles. Os que têm de treinar piano; os que têm de construir algoritmos de subtracção que dêem lugar ao resultado certo; os que têm entorses nos pés ou a pele tão gretada que exige colocar creme (mesmo que já quase adormecidos) todas as noites; os que sofrem desilusões de saraus ainda não ocorridos; os que recebem notas menos boas nos testes; os que estão entusiasmados com o peluche que estão a coser nos ATL; os que nos dão a volta e omitem passos menos correctos nos seus dia-a-dias (ainda mais explosivos que os nossos, porque não há como a liberdade quase repentina para tornar os dias explosivos); os que, também - tão simples -, têm de tomar o pequeno-almoço e lavar os dentes e preparar as mochilas e ter a tinta-da-china na mala para não terem falta a Educação Visual e levar a autorização para a visita de estudo e não esquecer a lancheira ou os lápis de cor ou a esferográfica preta ou o dinheiro para carregar o cartão do Metro; e, ainda, jantam, tomam banho e gostam de ver televisão, jogar jogos e ir só até ali à sala com companhia ou mostrar vídeos humorísticos ou passos de ginástica feita dança, mesmo mesmo na hora em que já não é de deitar, mas que já passa.
 
Enquanto nós nos vemos atraiçoados no sono e sonhos, onde deixamos de ser Eles e nos deixamos apanhar pelo que pouco ou nada devia importar, mas importa; tanto mais que nos assalta, apesar de nos sentirmos aliviados de os assaltos serem outros e não os da semana anterior; a outra; a do "muito mais que muito".
 
Num repente, a semana já foi.
 
Lavamos a loiça, apanhamos uma música no rádio que nos faz ir em jeito dançante em direcção ao seu quarto para lhes dar Os beijos.
 
Dizemos "descolar para dormir e sonhar com... Optimismo.
 
- Ficas um bocadinho?
 
- Fico. Mas pouco. Caso contrário adormeço aqui no chão e acordo com dores nas costas.
 
Levantamo-nos em tempo, chegamos à cozinha e ouvimos: "it's gonna be a bright, bright, sunshine day..."
 
Lá fora, chove a potes.
 
Cá dentro, um "sacal" de tempo, espremido em sete dias (ou menos...), mas que, no final, transformaram.
 
E, porque hoje é 6ª, mais vale aproveitar. Enquanto é revolucionária. Não vá amanhã tornar-se comodista. Ou, pior, retrógada.
 
 

domingo, 7 de fevereiro de 2016

Limbo


Limbo.

Sei que é limbo que sinto, neste almoço, frente ao rio que tenho, neste dia de 14 de janeiro de 2016.
Procuro uma definição e faço-a recair no meu companheiro Priberam.

lim·bo lim·bo 1
(
latim limbus, -i, orla, debrum, cinto)
substantivo masculino
1. Orla, borda, fímbria.
2. [Astronomia]   [Astronomia]  Borda visível do globo de um astro eclipsado.
3. [Religião católica]   [Religião católica]  Lugar onde os justos esperavam a vinda de Jesus, e para onde, segundo a fé, iam as almas das crianças não baptizadas.
4. [Informal]   [Informal]  Lugar onde se lançam coisas de que não se faz caso.
5. [Informal]   [Informal]  Estado de indefinição ou incerteza.
6. [Botânica]   [Botânica]  Parte expandida da folha. = LÂMINA
.
lim·bo lim·bo 2
(
inglês limbo)
substantivo masculino
Dança, originária de Trindade e Tobago (América Central), em que o executante dança e tenta passar por baixo de uma vara horizontal, cuja altura em relação ao solo vai diminuindo.

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E, assim:
Fase originária de estado indefinido em relação ao qual não se consegue deixar de fazer caso, e em que os, nem sempre justos, progridem e fazem por passar por baixo de uma lâmina vertical, cuja altura em relação ao solo é, já, uma fímbria. Sem se eclipsarem.

  

Pontes


Há o sentimento do desejo do melhor bem do mundo “que se sobrepõe", não na hora agá, ao desejo que se tem pela pessoa; e há o amor pela pessoa.

Há o amarmos alguém e acreditarmos crer na frase “só desejo que sejas feliz.”

Há o amarmos alguém e apercebermo-nos que a frase está incompleta e acrescentamos “…comigo.”.

O segundo é assumido, quando ébrio.

O primeiro, quando ocorre e está só (sem acrescento) dói demasiado.

 
Sonhei com um rio Tejo em cor de leite, sob ponte Vasco da Gama, desafiando sentidos e orientações, percorri-a como se no seu fim houvesse foz, feita planeta que

Atrai, atrai

Os mais pequenos, redondos e insignificantes

Corpos

Até os fazer luz,

 
Como se obsessivo fora.

No fim, que era a meio, se olharmos para as mais recentes pirâmides publicadas, abriu a boca e, com ela, mergulhei.

Os fortes

A propósito dos fortes.
Os fortes têm os seus recônditos...
(e esta foi escrita a propósito do 19 de Outubro e em sentindo uma menina, pequena, de 8 anos, que terá dificuldade em mostrar suas faquezas; e com todo o direito).
Por ela, eu.

Me urge


(quase quase no 2016)

 
“Compañeros poetas…”

Companheiro.

Que seja franco e brutal.

Que dance.

Seja optimista.

Que esteja, quando só preciso de um abraço; de um calor.

Que seja guloso.

“Me urge”

África Minha



(lá para os fin de dezembro...)


De “África Minha”:

“Escrevi sobre todos os outros, não porque os amasse menos, mas por serem mais claros, mais fáceis.”



Por que me fizeram tão sentimental? Já ninguém é sentimental nos XXI. Claro que os há, mas são tão difíceis de encontrar…

Dava tudo para não começar a chorar nos primeiros acordes de “África Minha”…

Aliás, quem é que ainda revê o “África Minha”?...

Medos


(também lá para meados de Dezembro...

 
Medos.

De baratas e de alturas (recentemente diagnosticado como “atracção pelo abismo” e “pânico de espaços altos”. Suficiente antagónico, diria eu… Típico de rita…)

Não entra aqui o “medo do amor” ou da “ausência dele”.

O medo de falhar no amor.

Não.

Disso não tenho tido medo.

Porquê?

Porque tenho tido o que espero.

E se um dia falhar?

O quê?

O que seja pretendido por ti e tu não o tenhas?

Esse dia não acontecerá.

Como sabes?

Sei.

Como? Não se diz “a vida não acaba aqui?”

Sim

Então…

Então o quê?

Como sabes?

Sabendo… Eu sabendo. Tenho antenas.

Ou pouco mais

(também de dezembro... aquele mês...)

Às vezes penso como a minha vida seria se eu…

(ouço um episódio de TV e perco-me por mim adentro…)

(…) não fosse tão sensível…

(o que me dá encanto também me mata)

(…) não tivesse um sorriso tão bonito e transparente…

(o que me dá encanto também me mata)

(…) não fosse totalmente reactiva…

(o que me dá encanto também me mata)

(…) não fosse tão “pontinhos” e incoerentemente pronta a dar-me…

(o que me dá encanto também me mata)

(…) não fosse tão vivamente flexível, mesmo que com pontos de exigência…

(o que me dá encanto também me mata).
 

Não fosse eu tão teimosamente resistente e, insensivelmente, carrancudamente, irreactivamente, egoisticamente, intransigivelmente, tão eu…

Não só já era, como só seria.

Um nada. (ou pouco mais)

Em sonhando...


“10, 9, 8, 7, …, 2, 1, 0,

Descolar para dormir e não sonhar”

M: com nada, mãe?!

Eu: com ninguém, Maria, Pode ter cor.

M: E bichinhos fofinhos que têm filhos fofinhos mais fofinhos que os bichinhos fofinhos?

Eu: Sim, Maria. Esses podem entrar…

O 25. De?...

(a 21/12, no caderno...)

O 25.
Dependendo de quando calha, é o que é…
Perdão…
Foi o que foi…
Desculpem-me. Não foi desta…
Será o que for.
Ups… (estou certa que será uma destas duas…):
Foi o que será.
Será o que foi.
(desculpem, mais uma vez. Mas bateram-me no ombro e alguém me disse: “Nunca voltará a ser o que nem sempre foi…”).

Brincar com A Chama

(também lá para dezembro...)

(em jeito de atrevido plágio da Adília Lopes…)

Brincar com chama, faz xixi na cama.
Brincar com chama viva, que arde e nem sempre se vê, queima.
Muito provavelmente, queima a própria chama.
A que vivera,
a que ardera,
a que nem sempre se vera. 
Estivera, porém.

O que fazemos por um biscoito


(lá para pós meados de Dezembro)

Eu também não conheço o Tristão muito bem.
Mas digamos que nos relacionamos. E, assim, me sinta obrigada a entendê-lo nos seus mais básicos instintos.

Dêem um biscoito ao Tonto, que ele, Tristão, não veja (embora saiba) e nenhum rosnar lhe ouvirão.
Agora: experimentem mostrar-lhe um suculento, saboroso e investível biscoito e, depois, muito parcimoniamente, ponham-no num parapeito, ao alcance de ambos, a ver qual chega primeiro.

Não será ele. Não é cão para isso.
E eu, que me relaciono com ele, sinto-me obrigada a entendê-lo.

Mi molestas com tu dis-amor.


(encontrado com datas de 3 e 17 de outubro)

Eles eram muito pequenos quando ela ficou assim. E, agora, já quase a esqueceram (apesar de a referirem sempre que se fala de “velhice”, “esquecimento”, “idade”); ela já os esqueceu há muito; eles continuam pequenos.
(…)

“Mi amor, no precisa frontera
Como la primavera
No prefiere jardin”

“Te molesta mi amor?”
Mi molestas com tu dis-amor.

ReNovo (para ver se chega a ReNova)


Olá meu querido sacal et alia.

Também eu me tenho questionado como tem sido possível deixar-te sem notícias por tanto tempo. Dir-se-ia que des-vivi desde 17 de Outubro, mas, em olhando para trás, tal não é verdadeiro e, mesmo antes disso, houve tantas “dobras” que aqui não pus, tantas emoções que aqui não pus, tanta vida que aqui não pus.
 
Há uns tempos, eu própria me questionei sobre o tema e não posso deixar de verificar que a última vez que aqui estive foi 2 dias antes de um dia que não será sacal, pelo menos não consigo que o seja, para já; o dia 19 de Outubro não passa a palavras – foi uma tontura e não consigo escrevê-la.
 
Mas não posso deixar de pensar que é uma coincidência. Isto porque, mesmo antes dessa data e mesmo depois dessa data, muito sacal me aconteceu e eu não tenho sido capaz de sacalizar a vida.
 
É injusto, bem sei. Quase uma traição. Foste aparecendo na minha vida, não de repente porque nada entra na minha vida de repente, mas, depois de teres entrado, num momento em que percebeste que tinhas de entrar rapidamente e por mim, tornaste-te tão incisivo, ajudaste-me tanto, que me parece traição largar-te assim, num repente e sem aviso prévio.

Gostava que soubesses - não para perdoar, mas numa tentativa de entendimento – que tens estado no meu pensamento. Não te esqueci. Foste aparecendo em textos avulsos que fui escrevendo de quando em vez, embora muito confusos, nada simples, estranhamente (pensando em mim) por vezes nem datados e (pasme-se!) muitas vezes sem sequer ter como suporte um caderninho e apenas umas folhas de um qualquer caderno ou toalha de papel em restaurante; sem qualquer critério, ordem ou categoria.

Hoje, tentei repescar partes. Foi como se tivesse acordado e tivesse pensado “hoje, vou cortar o cabelo”. Hoje, vou reencontrar-te. E, assim, pode ser que me reencontre. Cortarei o que tem estado a mais, perderei peso e concentrar-me-ei apenas no que sobre.

Tenho um documento word que vou usando para ti (para além dos caderninhos e dos avulso). Quando comprei este PC (lá nos inícios do Verão) resolvi criar um novo documento e chamei-lhe “SacalNoNovo” (o novo PC é um Lenovo e pareceu-me que se adequava perfeitamente).
 
Hoje, criei novo word. Chama-se “NovoSacalNoNovo”.

Podia ter-lhe chamado “Nova no Sacal no Novo”. Porque precisava sentir-me Nova. Renascida. Achei demasiada, a ousadia.
 
Bom. E agora, que já me atrevi a desculpar-me perante ti (ó rapaz, tu percebes que, quando me desculpo perante ti, estou apenas a tentar desculpar-me perante mim, não é?) vou tentar repescar algumas palavras que fui registando nestes últimos meses – algumas datadas, muitas não – e não esperes que com elas consigas encontrar-me nesses meses todos, porque algumas estão dúbias, outras incompletas e muitas outras nem sequer aqui aparecerão. Ah. E há ainda outras que exigiriam um esforço adicional da minha parte para que se transformassem em sacais e, desculpa a franqueza, hoje não estou para aí virada. Um dia destes, talvez.