Engraçado o que uma semana consegue fazer por nós.
Precipitamo-nos sobre ela imediatamente após um "muito mais triste que muito triste" atirado para um qualquer (muito específico) lado; passamo-la em esforço de sete-dias-barreiras, tentamos conciliar dias e noites de trabalho com o ser ("estar" não é verbo suficiente), também, Eles.
Eles. Os que têm de treinar piano; os que têm de construir algoritmos de subtracção que dêem lugar ao resultado certo; os que têm entorses nos pés ou a pele tão gretada que exige colocar creme (mesmo que já quase adormecidos) todas as noites; os que sofrem desilusões de saraus ainda não ocorridos; os que recebem notas menos boas nos testes; os que estão entusiasmados com o peluche que estão a coser nos ATL; os que nos dão a volta e omitem passos menos correctos nos seus dia-a-dias (ainda mais explosivos que os nossos, porque não há como a liberdade quase repentina para tornar os dias explosivos); os que, também - tão simples -, têm de tomar o pequeno-almoço e lavar os dentes e preparar as mochilas e ter a tinta-da-china na mala para não terem falta a Educação Visual e levar a autorização para a visita de estudo e não esquecer a lancheira ou os lápis de cor ou a esferográfica preta ou o dinheiro para carregar o cartão do Metro; e, ainda, jantam, tomam banho e gostam de ver televisão, jogar jogos e ir só até ali à sala com companhia ou mostrar vídeos humorísticos ou passos de ginástica feita dança, mesmo mesmo na hora em que já não é de deitar, mas que já passa.
Enquanto nós nos vemos atraiçoados no sono e sonhos, onde deixamos de ser Eles e nos deixamos apanhar pelo que pouco ou nada devia importar, mas importa; tanto mais que nos assalta, apesar de nos sentirmos aliviados de os assaltos serem outros e não os da semana anterior; a outra; a do "muito mais que muito".
Num repente, a semana já foi.
Lavamos a loiça, apanhamos uma música no rádio que nos faz ir em jeito dançante em direcção ao seu quarto para lhes dar Os beijos.
Dizemos "descolar para dormir e sonhar com... Optimismo.
- Ficas um bocadinho?
- Fico. Mas pouco. Caso contrário adormeço aqui no chão e acordo com dores nas costas.
Levantamo-nos em tempo, chegamos à cozinha e ouvimos: "it's gonna be a bright, bright, sunshine day..."
Lá fora, chove a potes.
Cá dentro, um "sacal" de tempo, espremido em sete dias (ou menos...), mas que, no final, transformaram.
E, porque hoje é 6ª, mais vale aproveitar. Enquanto é revolucionária. Não vá amanhã tornar-se comodista. Ou, pior, retrógada.