segunda-feira, 27 de fevereiro de 2017

Rua Mário Soares

Dois miúdos de bicicleta interpelaram-me na minha rua e perguntaram:
- A Rua Mário Soares? É sempre em frente, não é? Falta muito?
Primeiro sorri, depois localizei-me geograficamente. Descoberto o mistério, ia a falar, quando um deles, o de olhos mais espertos, achou que devia ser mais preciso, para me ajudar a responder:
- Bombas de mau cheiro, é o que queremos! Tem lá papelarias, não é?
Não sei como consegui conter-me.
- É sempre por esta rua, sim. Um pouquinho mais à frente. Tem papelarias, mas não sei se hoje estão abertas.
- Boa! Bora!
E montaram de novo. Ainda disse, mas não sei se ouviram:

- Só que se chama Morais! Morais Soares!

sábado, 25 de fevereiro de 2017

Lugar 30, fila 25, zona 2

Lembro-me do concerto que vimos juntos, como se tivesse sido ontem. O que é um perfeito absurdo, porque se tivesse sido ontem, teria sido em dia 24 de fevereiro e eu lembro-me muito bem que foi na primavera que o vimos.
Cheguei em passo (como sempre) apressado da saída que me parecera mais próxima, do metro de São Sebastião. Tinha conseguido, ainda, vir por dentro do parque, apesar das barreiras que já estavam colocadas em alguns acessos. Tinha vislumbrado, e registado para comemorar memória passada, cantinho de tantas horas passadas anos e anos atrás – reencontrado anos após, mesmo que tantas outras vezes entrepassadas por ali.
O passo apressado permitiu o tempo de um último cigarro antes de entrar.
- Gira!,
disseste,
tão baixinho, que ninguém ouviu.
- Não contava que viesses à ópera de calças de ganga e, confesso-me, batoteiro e visual, mesmo nem sempre envergando óculos, esperava ver tuas pernas envoltas por collants translúcidos e pés em sapatinho (de Gretel, que fosse) e não em bota já desgastada nas pontas e que nem deixa ver meia que envolve teus pés gregos.
não deixaste de dizer, mas
tão baixinho, que ninguém ouviu,
(Efectivamente, era a única feminina que estava de calças de ganga já ruças e tudo, naquele Grande Auditório; até a criança que se sentava dois ssentos ao lado do lugar 30, da fila 25, zona 2, trazia um vestido xadrez, com collants azuis e sapatinho-de-vir-à-ópera a condizer).
- À direita, em baixo.
Lugares 29 e 30, fila 25, zona 2, eram mesmo em baixo. E à direita e à direita.
Já havia pessoas sentadas na 25.
- Com licença. Com licença.
Mais ou menos a meio da fila. Os lugares eram bons. Eu tinha escolhido o lugar 29; por ser ímpar, para variar. O 31 era ocupado pela mãe da menina de vestido xadrez com collants azuis e sapatinho-de-vir-à-ópera a condizer e ela havia aproveitado o 30 para colocar casacos (apesar de já ser primavera).
- Pode deixar estar,
disse eu.
Tu estranhaste a minha frase, mas lá te arranjaste no lugar 30, da fila 25, zona 2, como conseguiste. Admito que ficaste um pouco engraçado, sentado com os joelhos rente à cara, rabo encaixado entre casacos (a que se juntara o meu) e cachecóis e carteiras naquele assento que teimava em não cumprir a função de rebatível que lhe era suposta. Sorri pelo canto da boca, mas fingi olhar para o palco em preparação, até porque, se disseste algo foi
tão baixinho, que ninguém ouviu
E, apesar de até haver mais lugares vagos, pensei para mim mesma que se não estivesses confortável, o dirias. Com nível ajustado à minha capacidade de audição. E sempre era tão cómico ver-te em posição de ginasta já fora de idade, ali ao meu lado!
Começou a entrar a orquestra.
Depois o maestro – que, viríamos a constatar, era bem mais que isso.
E, música!
Pouco depois, o coro. Ficavam um pouco estranhos, ali em cima, atrás de todos aqueles riscos ao alto. Estranhei que não brincasses com o tema; ou talvez o tenhas feito, mas
tão baixinho, que ninguém ouviu.
O maestro era alto. Recém-grisalho e também usava óculos. Enérgico e expressivo. Ora abraçava a orquestra, ora acarinhava o primeiro violino. Ora convidava ao vigor dos fagotes (um preto, outro escarlate), ora estirava, corda a corda, bem devagarinho para não quebrar, grupo de contrabaixos.
O maestro era bem mais que um maestro. Porque alternava em tal função com a de tocar um “pianinho” (na minha cabeça, chamei-lhe pianinho, porque
tinha teclas
imagino que, dentro, tinha cordas
não soava a cravo,
tinha, no máximo, 1m de largura,
mas duas fiadas de teclas,
não percebo nada de instrumentos musicais e, percebendo tu, talvez to tenha perguntado,
tão baixinho, que ninguém ouviu,
talvez mo tenhas dito ao ouvido, mas,
tão baixinho, que ninguém ouviu).
E eis que surge Galatea! A (inevitável) Mulher! Linda! Alta! Voz sonante! Vestido verde seco, de seda brilhante, ondulante, comprido até ao chão; cinto do mesmo verde seco brilhante e ondulante, abraçando-lhe largura menor e enlaçando-a por detrás; alças largas, cruzadas nas costas, até aos ombros; despida, no que sobrava.
- És gira. E que bem que ficarias com este vestido…,
bichanas-me ao ouvido,
tão baixinho, que ninguém ouviu.
“Não dava para mim; não tenho soutien que se ocultasse e tais decotes não aguentam minhas mamas.”
Acis é pastor e seu canto suave e sem falsete. Mas tem cabelo comprido. Não gosto de cabelos compridos e embirro com seu tom.
1º acto passado num instante. Aquele que termina com a, mais que certa, felicidade eterna.
………………………………………………………………………………………………………….
No intervalo, de novo, estranhaste minha distância. Interminável tempo ao telefone e cigarro, casa de banho, café,
- Pode pôr-me um pouco de água fria no café, por favor? Está mesmo quente!
Góing!
………………………………………………………………………………………………………….
2º acto. A mãe do lugar 31, fila 25, zona 2 continua a manter casacos no teu assento. E eu também. E o assento que teima em não rebater… Mas tão caricato que ficas tu… A meus cantos de olhos, pelo menos.
Não sei se pelo café com água fria, se pelo barítono (Monstro Polifemo fazia sua primeira intervenção), senti-me sentir mais.
Não sei se pelo que bebeste no intervalo (eu, de facto, nem te vi no intervalo; mas havia quem aproveitasse para uns copos de vinho, como aquele senhor em cuja mesa estava cinzeiro que utilizei na esplanada-jardim; talvez o tenhas feito, também), se pelo maior sentir-meu, se por Galatea em seu vestido-primavera, afoitavas-te. Tão batoteiro que tu és! E como gostas de bricar com as palavras! Bem baixinho, em meu ouvido direito. Aquele que dava para o lugar 30, da fila 25, zona 2.
Tão baixinho, que ninguém ouvia.
“Infortunados amantes, esqueçam o vosso sonho!”
- Se não têm fortuna, o que valem como amantes? Mais vale sonhar com outros! Sonhas comigo? Dou-te beijos em pálpebras antes de adormeceres…
tão baixinho, que ninguém ouvia.
“…tonitruante…”
- Deixa-me ser teu toni; para dentro de ti trovejar. Deixa-me ouvir-te, sussurrando em meu ouvido: “Tóni, ensurdece-me com teus trovões! Cega-me com teus relâmpagos!!”
tão baixinho, que ninguém ouvia.
E o maestro, em seus gestos:
- Parece um tipo que eu conhecia que jogava ténis com raquete de ping-pong porque tinha coutos de braços por ter sido encurralado por moto-ceifadeira, na tentativa de salvar papoilas para oferecer a uma menina da escola… Salvou umas quantas; vermelhas como seus braços, que jorravam.
tão baixinho, que ninguém ouvia.
E, de novo, sobre o maestro,
- Coitado; será que lhe falta o ar? Tenho aqui a minha bomba e cortisona, caso ele precise. Achas que vá lá? E a ti, falta-te o ar, giraça de calças de ganga e botas-já-mais-que-gastas?
tão baixinho, que ninguém ouvia.
“…gigante…”
- Quando fumava, era disto! Felizmente deixei. Não tinha tamanho para tal! Desse, tamanho. Tenho tantos outros tamanhos para tu descobrires…
tão baixinho, que ninguém ouvia.
E o drama, próprio de acto final, continuava. E Monstro Polifemo com sua sensual voz de barítono matava Acis (e seu rabo de cavalo, para minha, não explicitada satisfação – admito, torcia por Monstro…), esmagado sob um rochedo que do nada caía.
- És mesmo gira, sabias?
tão baixinho, que ninguém ouvia.
E, em cima, sombras do coro bailavam em modo monstrinhos de Polifemo, mas mudos, sem barítono. Orquestra e “pianinho”, no entanto.
“… amoras…”
e outros frutos.
- Se não tivermos cuidado ao colher, picamo-nos, porque as silvas gostam muito de se entrelaçar em amoras. Deixas-me ser teu apelido, minha amora primaveril?
tão baixinho, que ninguém ouvia.
Polifemo, o Monstro, envergava manto dourado sobre ombros. Grave e cavernoso; maduro e viril.
- De acentos não percebo nada. Como o provam meus joelhos junto à boca, que quase não me deixam fazer ouvir. Quando pequeno, brincava em conventos, como se cavernas fossem. Amadureci neles; ao ponto de cair. Envirilas-te comigo? Num 3º acto?,
tão baixinho, que ninguém ouvia.
“bebe sangue de copos…”
- Ainda se fosse de copas… das XL…
tão baixinho, que ninguém ouvia.
- Apesar de aparentares alguma loucura (calças de ganga em ópera?, onde já se viu?), és mesmo muito gira, sabias?
tão baixinho, que ninguém ouvia.
“Sofrer é o destino de quem ama.”
- Isso são os parvos! Fazer batota! Isso sim, é destino!!! Batutas-me?
A dor que acontece depois da morte. O Deus que nasce depois da morte. Por ela.
Bem alto, para todos ouvirem.
E eis que o fundo se abre. E se misturam cénicas com plantadas. Aparecem quietas, como se soubessem que haviam entrado em cena. A cena. A derradeira. A dos véus negros envergados. Não resistem a vento primaveril de Oeste que as abraça num sentido só. E deixam-se ir com ele, sem nunca tombarem, porém. Dois pombos que aproveitam a rara oportunidade de serem mais amados que odiados. É o auge, o endeusamento, a despedida; todos eles (cénicos ou apanhados) o sabem.
E palmas. E palmas. E dirigidas. E barítono que recebe corpos de pé e braços de Galatea e seu vestido verde-seda-despido comprido de alças cruzadas, que puxam maestro-não-só-maestro para o mais alto palco para as receber. As merecidas.
Estranhas que me levante do lugar 29, fila 25, zona 2 de forma apressada e que (quase) te atropele em despedida apressada
- Com licença. Com licença.
Collants azuis e sapatinhos de ópera a condizer já cobertos por um dos casacos que haviam permanecido no lugar 30, fila 25, zona 2, não se retraem assim tanto, devido ao sono, mas são tão pequenos que por lá passo com facilidade.
“Combinei jantar às 21.30 e já é tarde.”
- Batota…,
dizes,
tão baixinho, que ninguém ouviu,
mas já estou em coxia, ainda batendo palmas e dizendo “Espectacular”, mas tu não ouves, só lês, porque, apesar de
tão alto, já ninguém ouvia.
………………………………………………………………………………………………………….
Dirigi-me, em passo (como sempre) apressado até à entrada que me parecera mais próxima do metro de São Sebastião. Era outra.
“A caminho”,
para o grupo.
Entrei na carruagem mais próxima e sentei-me em coxia de lugares a quatro. À direita falavam duas raparigas em russo (ou similar; para leste da Holanda, não distingo); à esquerda, do lado de lá do corredor, duas sexagenárias, em português-brasil.
Juro-te; pelo que me é mais sagrado. Olhei em frente e vi-o. (Re)batido, roçado, mas igual:
o lugar 30, da fila 25, da zona 2.

Tão vazio, que mais ninguém o viu.

sábado, 11 de fevereiro de 2017

Os Bailes da Vida


Dei por mim pensando, num dos dias desta semana, que viver é dançar. E que a dança não deve nunca ser em torno de. Eu sei por que razão dei por mim pensando tal.
E, nesta mesma semana, dei por mim refutando essa mesma minha afirmação. Também sei por que razão dei por mim fazendo tal.

Porque podemos, numa determinada altura,
dançar em torno de,
desde que a música seguinte seja outra e nos faça
dançar com,
dançar por,
dançar entre,
dançar enquanto,
(só à espera do tema certo; aquele que abre)
dançar com em torno de,
(que abre, mas não limita)
dançar a um tempo, dançar a mil tempos,
dançar em, dançar sobre, dançar sob,
(adoro esta! Lembro-me muito bem! Ela faz-me:
dançar de olhos fechados,
gingar de forma sedutora todo o meu corpo,
esquecer que há toda uma pista de dança ou utilizadores do metro à minha volta)
dançar para,
dançar mais,
dançar porque,
(não consigo resistir a saltar, pular como se chegasse ao céu, acreditar que posso chegar ao céu, apenas porque quero e estou a dançar sob estrelas, das visíveis ou das outras, as também visíveis, mesmo que apenas após treino de olhos-anos)
dançar contigo,
dançar convosco,
dançar para dentro,
(entrar na discoteca ao som do “New York, New York”, envergando tochas de Estátuas da Liberdade)
sonhar a dançar,
trabalhar a dançar,
arrumar a dançar,
tomar banho a dançar,
(dançar blues em aulas de verão; dançar a valsa em festa de fim de ano ou, apenas, de fim de noite; participar em “MOOOOOOSH!!!!!” em festa adolescente; dançar de mão e punho levantados; dançar com os pés; dançar um slow, bem agarradinhos, tão enamorados)
suar a dançar,
rir a dançar,
roçar a dançar,
seduzir a dançar,
amar a dançar,
(com todos os poros da pele; por todos os poros da pele; com e por todos os interstícios do corpo, os mais visíveis e, também, os outros, os também visíveis, mesmo que apenas após treino de olhos-anos).

Atrevidamente roubando e adulterando “Nos Bailes da Vida” do meu querido Milton,
[Dançando] “me disfarço e não me canso
De viver nem de” [dançar].

(porque não tenho lá grande voz… mas também não danço lá muito bem… e nada me impede de o ir fazendo, ainda assim… se calhar também canto, mas não é neste).


Da Preguiça e da Estupidez


Ai…

Já vai para quase 2 semanas e ainda dói…

Ai…

A queda foi valente. Violenta. Daquelas em que pensamos, naquele instante, “parti-me toda!” (neste caso em concreto foi mais “ai!, parti-me toda e fiquei desdentada!”) e em que só no após noite dormida nos apercebemos de toda a magnitude da queda: sondamos ossos, áreas doridas, para além da mais evidente e associada aos queixais esquerdos, a recordada de instante e mais que sentida em almoço de dia seguinte.

Ai… o dorido nas costas, o galo na cabeça, a negra da perna esquerda já não sentem… mas os queixos, minha nossa! – e já vai para quase 2 semanas…

Claro está que foi relato de jantar de semana-mãe que se iniciou pouco depois (“Mãe! Hoje, na escola, contei a tua queda! A única coisa, foi que contei como se tivesse acontecido a mim…”, dito assim; na relação directa entre volume de voz e tamanho de letra; em modo de errado – não aceitei o tom de mentira que vinha da frase; quem nunca contou uma história em modo 1ª pessoa, sabendo que deveria ser em 3ª pessoa, só para dar maior ênfase à conclusão final, que atire a primeira crítica…).

Ai… que já lá vão quase 2 semanas e ainda me dói… basta abrir bem a boca, para os sentir todos… os maxilares esquerdos que ficaram para não me esquecer…

O relato de jantar-nós debruçou-se sobre o acidente (digo-vos! Aquilo não foi um incidente; foi acidente mesmo! E, frase bem portuguesa, podia ter sido bem pior! Podia, hoje, estar a escrever este, sem qualquer dente, pelo menos em boca esquerda...), mas, acima de tudo, sobre as reais causas do mesmo.

E foram elas:

(ai, que já lá vão quase 2 semanas e ainda me dói…)

Preguiça e Estupidez (esta última introduzida em jantar como “não pensei no disparate que ia fazer”, mas que rapidamente se deixou de eufemismos e se transformou no que tinha sido, de facto).

Preguiça porque, em vez de simplesmente ter saído da cama, pegado na roupa que me sobreaquecia os pés e tê-la poisado tranquilamente sobre o cadeirão, achei que não me apetecia sair da cama com pés já descalços e fazer todo este percurso (mais ou menos 4 passos para lá e outros 4 para cá; passos dos pequenos, por nocturnos) quando a beira da cama estava mesmo ali tão alcançável em modo “de gatas” e sem ter mais qualquer esforço de pernas.

Ai…

Estupidez, porque pensei que os abdominais estavam mais que prontos para aquele desafio; porque não quis ver que o centro de massa do corpo todo esticadinho, de gatas, para chegar ao cadeirão, certamente que já estaria bem fora do alinhamento vertical da beira da cama quando fosse o movimento final do pousar roupa em seu arrumo final; porque nem quis ver que à minha frente, bem abaixo dos meus queixais, permanecia, entre beira da cama e cadeirão, imponente em seu todo o ferro, aquecedor a óleo com seus altos em jeito de faca e baixos em jeito de “encaixa aqui teus queixais! Vais ver como farão som de castanholas!”.

Não imaginam o espalhafato… De ensurdecer os vizinhos de baixo, acaso eles estivessem em casa, naquele instante que foram momentos duradouros…

Ai… que já não sei se dói mais abrir a boca (quase 2 semanas depois), se olhar para o ocorrido e ver plasmadas em movimentos de meu corpo, preguiça e estupidez, tão altivas, tão evidentes no desfecho. Exactamente aquele que veio a ocorrer…

……………………………………………………………………………………………………………

E, não sei se porque ainda dói (de facto e já quase 2 semanas depois) sempre que tento abrir bem a boca ou se porque, a propósito do infortunado acidente (não sei se deva chamar a “sorte” a este texto, já que versa sobre Preguiça e Estupidez), me deambulei sobre preguiça e estupidez como causa de dor, o que é certo é que dou por mim pensando em quantas as vezes em que, por juntarmos preguiça a estupidez (desculpem-me ser atrevida; mas ainda lhe vou chamar momentânea), simplesmente, nos magoamos.


E “Ai…”. Que já lá vão tantos tempos e ainda doem...