(Este, não foi escrito hoje. Aliás, hoje tenho é saudades. Até das angústias. Parece-me algo absolutamente normal. Sei eu.)
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“É normal”, dizem todos (não assim tantos) a quem falo. Está bem, eu até
aceito que seja “normal”. E, quando olho para trás, para o “meu tempo”, até
encontro semelhanças ou pelo menos pontos de contacto. Da normalidade.
Mas, quando olho para trás, mas não assim tanto, também me recordo de
chegar “a crise do pré andar” (em mês que depende da cria) e, apesar de termos
lido algures (ou ouvido algures) que “é normal” que tenham maiores ataques de
choro ou dificuldades em adormecer, por estarem prestes a dar um passo enorme na
sua pequena vida e se sentirem frustrados, não significa que não tenhamos tido
mais paciência, que não tenhamos dado mais carinho, que não nos tenhamos
reduzido às suas dificuldades. E que não tenhamos vivido com enorme prazer o
momento em que, finalmente, o conseguiram.
“As birras dos dois anos”. São “normais” – os tipos descobrem que têm poder
e que podem usar esse poder e, claro está, que usam e abusam dele até à nossa
exaustão. Não só nossa, estou em crer, também a deles. Bem me lembro de noites,
meses largos, em que não havia nada que funcionasse - “Já para o quarto contar
até 10!”, “Já para a cama e não penses em levantar-te!”, “Se voltas a sair da
cama, a mãe sai do corredor e vai para a sala!”, “Não, o pai não vai aí, M.!
Tens de dormir!”, “O que é que estás tu aqui a fazer?”. Foi luta dura (NÃO é
igual para todos, mas nós vamos procurando/questionando, conforme nos vamos debatendo), mas conseguimos. Era “normal”, constava de Brazelton e tudo.
Mas não deixámos de fazer braço de ferro, de aconchegar antes do arranque da
birra e de aconchegar também, já adormecida. Com cuidado… não fôssemos
regressar horas de exaustão atrás.
“Não quero ir à escola!”, “Não vou à escola!”, “Dói-me a barriga… tenho de
ficar em casa. Até devo ter febre.”, “Daqui não saio!”, “Não adianta
obrigares-me! Eu NÃO vou!”, em idades díspares, em momentos díspares, mediante
ansiedades díspares – 1º dia de…, 2ªa semana depois de uma primeira em que se
sentiam fortes…, dias em que nem se entende bem a causa real da ansiedade…
Foram sempre. Por vezes quase fomos cruéis e saímos de algures de coração
apertado. Mas foram. E receberam abraços à chegada. E muitos beijos e palavras
de vitória ou mesmo de compreensão.
Portanto.
Por que razão, a partir de certa altura, passa tudo a ser “normal” e a ser
suposto não nos intrometermos? Sermos até apontados? Na verdade, sentirmos nós
uma quase “vergonha”? Já bem bastam todas as dúvidas e incertezas que nos (a
todos, a nós e a eles) assolam, não? E será este O momento crítico ou será
apenas porque o estamos a viver no presente?
Serão eles (os pré adolescentes, cada vez mais cedo adolescentes) que nos
abandonam, ou seremos nós que começamos a ausentar-nos? Por ser “normal”? Ou
será uma conjugação de ambos? Como as conjugações de astros?
Não somos amigos. Somos pais. O “normal” não deve ser absolutamente normal.
Acho eu.