sexta-feira, 7 de julho de 2017

Pode até ser normal, mas…


(Este, não foi escrito hoje. Aliás, hoje tenho é saudades. Até das angústias. Parece-me algo absolutamente normal. Sei eu.)

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“É normal”, dizem todos (não assim tantos) a quem falo. Está bem, eu até aceito que seja “normal”. E, quando olho para trás, para o “meu tempo”, até encontro semelhanças ou pelo menos pontos de contacto. Da normalidade.
Mas, quando olho para trás, mas não assim tanto, também me recordo de chegar “a crise do pré andar” (em mês que depende da cria) e, apesar de termos lido algures (ou ouvido algures) que “é normal” que tenham maiores ataques de choro ou dificuldades em adormecer, por estarem prestes a dar um passo enorme na sua pequena vida e se sentirem frustrados, não significa que não tenhamos tido mais paciência, que não tenhamos dado mais carinho, que não nos tenhamos reduzido às suas dificuldades. E que não tenhamos vivido com enorme prazer o momento em que, finalmente, o conseguiram.
“As birras dos dois anos”. São “normais” – os tipos descobrem que têm poder e que podem usar esse poder e, claro está, que usam e abusam dele até à nossa exaustão. Não só nossa, estou em crer, também a deles. Bem me lembro de noites, meses largos, em que não havia nada que funcionasse - “Já para o quarto contar até 10!”, “Já para a cama e não penses em levantar-te!”, “Se voltas a sair da cama, a mãe sai do corredor e vai para a sala!”, “Não, o pai não vai aí, M.! Tens de dormir!”, “O que é que estás tu aqui a fazer?”. Foi luta dura (NÃO é igual para todos, mas nós vamos procurando/questionando, conforme nos vamos debatendo), mas conseguimos. Era “normal”, constava de Brazelton e tudo. Mas não deixámos de fazer braço de ferro, de aconchegar antes do arranque da birra e de aconchegar também, já adormecida. Com cuidado… não fôssemos regressar horas de exaustão atrás.
“Não quero ir à escola!”, “Não vou à escola!”, “Dói-me a barriga… tenho de ficar em casa. Até devo ter febre.”, “Daqui não saio!”, “Não adianta obrigares-me! Eu NÃO vou!”, em idades díspares, em momentos díspares, mediante ansiedades díspares – 1º dia de…, 2ªa semana depois de uma primeira em que se sentiam fortes…, dias em que nem se entende bem a causa real da ansiedade… Foram sempre. Por vezes quase fomos cruéis e saímos de algures de coração apertado. Mas foram. E receberam abraços à chegada. E muitos beijos e palavras de vitória ou mesmo de compreensão.
Portanto.
Por que razão, a partir de certa altura, passa tudo a ser “normal” e a ser suposto não nos intrometermos? Sermos até apontados? Na verdade, sentirmos nós uma quase “vergonha”? Já bem bastam todas as dúvidas e incertezas que nos (a todos, a nós e a eles) assolam, não? E será este O momento crítico ou será apenas porque o estamos a viver no presente?
Serão eles (os pré adolescentes, cada vez mais cedo adolescentes) que nos abandonam, ou seremos nós que começamos a ausentar-nos? Por ser “normal”? Ou será uma conjugação de ambos? Como as conjugações de astros?
Não somos amigos. Somos pais. O “normal” não deve ser absolutamente normal.

Acho eu.

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